segunda-feira, 26 de abril de 2010

Encontros e Desencontros

Às vezes cômicos, às vezes trágicos, mas sempre válidos.... Esses são os encontros (e muitas vezes desencontros) amorosos que surgem em nossos caminhos...
Alguns viram lembrança outros pesadelo, mas o que seria de nós sem pelo menos um pouco de paixão?

Mas ninguém melhor que Jabor pra descrever esses doces tropeços.... então deixo com ele :-)



Crônica do Amor


Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês cmbinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

Arnaldo Jabor

segunda-feira, 19 de abril de 2010


Muitas vezes me pego com uma frase específica na cabeça: tá... mas e agora?
São muitos os momentos da vida em que nos deparamos com situações em que uma escolha deve ser feita.
Esse deve ser o tal do livre arbítrio.

Mas caramba... Não é fácil decidir o tempo todo sobre questões que podem afetar o resto da nossa vida.
Uma decisão mal tomada pode trazer consequências que dificilmente serão reparadas ou modificadas.E mesmo que não traga consequências imediatas, não há muito alívio, pois a escolha de um caminho significa deixar outro passar.

E essa outra oportunidade que ficou de lado parece nos assombrar. Surge em nossos pensamentos sempre acompanhada de um senhor ilustre chamado E Se...

O senhor E Se também não anda só. Arrasta consigo a Senhora Insegurança e essa sim quando chega já segura a boca do estômago e não nos deixa mais em paz.


É muita pressão realmente. Queremos acertar afinal de contas.

Apelamos para cartomante, horóscopo, numerologia, tarô cigano etc. Infernizamos a vida de amigos, confidentes pedindo conselhos...

Mas no final somos nós e o travesseiro.
Assim vamos levando. Decidimos, acertamos, erramos. Uns justificam, outros corrigem, alguns só aceitam.Mas todos olham a grama do vizinho. Ou vai me dizer que nunca achou a grama ao lado mais verdinha?
Essa grama mais verdinha pode ser o caminho que não seguimos... Com esse pensamento já chegam todos os "E Se".
Pronto. Já não existe mais agora. O caminho que escolhemos passa a ser deixado de lado e, negligenciado, talvez até nos abandone antes do previsto.


Vivemos sempre o depois e aí está a chave do problema todo.
Se fossemos capazes de contemplar tudo que ganhamos com cada decisão tomada, comemorar cada conquista, realmente viver cada momento teríamos paz de espírito para dar o próximo passo.

É isso que eu entendo como evolução e não uma sequência desenfreada e ansiosa de atitudes descoordenadas.

É claro que isso não garante o sucesso das nossas escolhas. Mas pelo menos vai trazer um pouco mais de serenidade para que possamos analisar os cenários e talvez quem sabe pegarmos um caminho novo ou um caminho que foi deixado para trás...

Pode ser clichê, mas é a pura verdade: A vida é uma jornada e não um destino. E aqueles que têm desprendimento de ego ou vaidade para poder assumir seus erros, rir de suas gafes, aprender sempre, estarão a frente com certeza.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Curto e Direto

  Sem muitos rodeios só quero registrar o quanto é bom colocar pra fora algo que estava entalado na garganta.
Dizer o que se pensa, o que se sente... agir de acordo com tudo isso... depois colocar a cabeça no travesseiro e dormir.

A vida é simples assim.
Não sei como pessoas conseguem ser diferentes disso.

Obrigada àqueles que me proporcionam um relacionamento assim, transparente.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Basta

Hoje não vou escrever.
Só vou citar um texto que tem relação com  meu momento atual.
De deixar o conforto do comodismo de lado e enfrentar o medo de mudar as coisas.

Eu sei, mas não devia
                               Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.

A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.


A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.

E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.

A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.


Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.

Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Independência, feminismo ou falta de romantismo?



Desde a queima do sutiã as coisas não são mais as mesmas entre homens e mulheres... Temos que admitir.
Muitas vezes, é verdade, amaldiçoo a filha da mãe que começou essa luta por direitos iguais e sonho em ficar em casa fazendo bordado inglês. Mas na maioria das vezes concordo que não poderia ter sido diferente e que se vivesse em outro tempo seria uma mundana largada do marido ;-)


O fato é que cada vez mais mulheres igualam-se aos homens em idependência não só financeira mas principalmente emocional.
E aparentemente a maioria das pessoas não esta preparada pra encarar essa "nova" realidade numa boa.


Estamos acostumados a ouvir por aí que a mulher é o sexo frágil e é socialmente adequado que todas se comportem como tal.
Certas atitudes ainda não são bem aceitas como por exemplo:
-Mulheres que são decididas, sabem onde querem chegar e decidem chamar um homem pra sair.
-Outras que tem a vida atribulada com trabalho, estudos, preferem dar ênfase na carreira e decidem não se casar.
-Algumas são muito bem resolvidas com seus sentimentos e querem só sexo e deixam isso bem claro.


Podemos nem ir tão a fundo em questões polêmicas... Mulheres que não aceitam ajuda de homem caso não seja necessário. Essas são chamadas de feministas. Porque o normal são as mulheres que pedem ajuda pra levantar uma caixa de fósforos.


PARA TUDO!!!                       


Sabe por que ainda (A I N D A) enfrentamos esse tipo de situação?
É porque ainda temos o tipo oposto de pessoa.... E agora quero dizer PESSOA e deixar claro que isso não é uma declaração feminista...
Temos homens e mulheres que não sabem, não querem, não conseguem (sei lá) admitir que sentem alguma coisa, que querem sair com alguém, que não querem se casar nunca, que querem só fazer sexo e acabou, etc, etc, etc...


Reprimir sentimentos dá dor de estômago.
Sou a favor da independência sentimental, ou seja, somos felizes por nós mesmos. Nada dessa história de "Ó meu amor.. vc me completa...".... Ninguém completa ninguém...
Isso não quer dizer de forma alguma que seja contra o romantismo... uma coisa é uma coisa... outra coisa é outra coisa... Romantismo sim... Dependência não...


Então acho que pra resumir tudo isso eu tenho um pedido a fazer:
Sejamos Independentes, Românticos e Autênticos!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Crise Criativa

Muitas pessoas fazem promessas de ano novo... Lá pelo dia 03 já se esqueceram da maioria delas...
Eu já fiz muito isso, não posso negar.
Mas diferente dessas resoluções feitas no calor da esperança de que algo mude da noite para o dia, existem as metas, os planos, aquilo que cuidadosamente desenhamos e sonhamos ao longo do tempo.

Muitos sonhos mudam, outros permanecem, alguns se modificam um pouco, mas o que importa é que sonhar faz bem... Ter perspectiva nos dá vontade de continuar.

Cheguei aos 30.
Aliás estou quase nos 31.

Resolvi chamar essa fase da minha vida de crise criativa.
A crise dos 30 realmente existe.... Mas não da forma como muita gente coloca... Não é uma crise onde você descobre que está ficando velha.
Pelo menos no meu caso a crise dos 30 foi causada pela descoberta de que muitas metas foram colocadas com deadline até essa idade. E quando a ficha caiu... bateu um certo desespero... insegurança.

Então tá certo, vamos lá.. Peguei a lista mental das minhas metas e comecei a revisar o que tinha ou não alcançado.
Algumas coisas ok, outras não.... a maioria não...

E o que fazer agora com isso tudo? Como conviver com essa frustração?

Passei alguns meses mal.. pensando... revisando a lista...
Mas quanto mais repassava alguns itens, menos sentido eles faziam pra mim...

E é isso... não precisamos carregar metas pra sempre.... Devemos mudar de direção se isso fizer sentido.

Comecei a deletar da minha lista aquilo que já não me servia mais, liberando espaço pra coisas novas...

Algumas coisas da lista resolvi que ainda deveria fazer antes dos 31.... Uma delas é começar a escrever e esse é o primeiro passo :-)
Outra foi fazer uma tattoo... ficou linda....


Acho que isso é o que chamam de faxina da alma.... E é bom demais...